Eu estava desempregada há um tempo, mas tudo tinha mudado. Finalmente, um recomeço. Estava animada, elétrica até. Gente nova, trabalho novo… aquela sensação de que a vida, enfim, voltava aos trilhos depois de tanto tempo parada.

Escolhi a roupa com cuidado: discreta, mas justa onde precisava. Um perfume leve, quase imperceptível. A maquiagem mais sóbria. Só havia um incômodo: minha menstruação tinha acabado, mas ainda restava aquele medo idiota de um escape. Coloquei um protetor, por via das dúvidas.

Logo no primeiro dia, fui recebida com sorrisos e uma leve curiosidade no ar. A equipe parecia acolhedora, simpática até demais. Me convidaram pra um happy hour já de cara. A sensação era boa, sabe? Eu sentia que podia ser feliz ali. O clima era leve… até ele aparecer.

O problema veio como um sussurro. Um cheiro. Não era perfume forte. Era… cheiro de homem. Não aquele doce ou amadeirado de loja cara. Era algo mais cru. Cheiro de pele quente, de cangote, de lençol depois de uma foda boa. Algo entre suor e feromônio. E era sutil, mas entrava fundo no nariz e me deixava zonza. As pernas ficaram meio moles. Meu útero? Latejou — Bem, não foi bem o útero…

“Impossível… já tô ovulando? Só pode”, pensei, meio aflita.

Comecei a olhar discretamente pros lados, tentando entender se só eu tava sentindo aquilo. Encostei no ombro de uma das meninas e comentei baixinho:

— Oi… cê sentiu isso? Que cheiro bom… perfume de alguém?

Ela franziu o rosto, olhou ao redor e respondeu:

— Que perfume? Não senti nada, não…

E outra, ao lado:

— Também não. Tá maluca? Aqui só tem cheiro de café frio e mofo no ar-condicionado.

Mas não. Eu sentia. A sala era pequena, apertada com gente demais pra uma reunião inútil. Mas o cheiro… ele cortava tudo. Era úmido. Excitante. Tinha algo errado comigo.

Terminado a reunião os times foram dividos, eu descobri então quem era o dono do perfume que estava me deixando doida. Era seu último dia, e ele me passaria todo o trabalho, fomos para a sua sala, que futuramente seria minha, ele gentilmente mandou que eu sentasse onde seria meu novo local de trabalho e muito profissionalmente, devo dizer, ficou ao meu lado.

Quando ele se inclinou pra frente, apoiando a mão na mesa e me explicando alguma coisa sobre fluxo de trabalho, eu não consegui mais fingir que estava prestando atenção. A voz dele era grave, meio rouca, e vinha acompanhada daquele cheiro. Meu Deus, aquele cheiro.

Não era só o perfume, era o corpo dele. Era o calor que ele exalava, o som da respiração, a proximidade. Ele ficou agachado ao meu lado um tempo, apontando com o dedo um gráfico qualquer… e eu mal conseguia entender onde eu tava.

Eu sentia minha calcinha encharcada. Não era só úmida. Estava molhada de verdade, a ponto de eu apertar as coxas com força, tentando disfarçar o latejo insistente que crescia entre as minhas pernas. Eu cruzava, descruzava. Tencionava o quadril. Tentava me conter, mas meu corpo não obedecia. Cada vez que ele se aproximava mais, meu clitóris pulsava como se pedisse socorro — ou socorro ou dedo. Qualquer coisa.

Eu só pensava: “Se eu encostar, se eu der uma coçadinha nela agora… fudeu. Eu gozo na cadeira.”

Ele se ergueu, fazendo um som abafado de dor:

— Nossa, arrebentei o meu joelho… tá doendo, viu.

Esticou o corpo, massageando a perna com uma careta, e eu ri, meio sem graça. Mas a risada travou na garganta quando meus olhos pararam bem ali… naquela altura.

A calça dele marcava. Não de forma óbvia, mas o suficiente pra eu não conseguir desviar. Tinha volume. Tinha forma. Tinha tudo o que eu queria naquela hora. Eu piscava devagar, como se fosse possível disfarçar meu olhar faminto. Mas era inútil. Eu estava hipnotizada.

Meu peito subia e descia mais rápido. A pele do meu rosto queimava. Eu sentia o calor escorrer lá embaixo, se espalhando. A calcinha estava grudando, colada na pele molhada. E não era suor.

Ele falava alguma coisa, explicava um processo, apontava nos papéis… e eu? Eu só conseguia pensar na boca dele. Na textura da pele dele. Em como seria segurar aquele pau com as duas mãos e sentir o cheiro dele de mais perto, mais forte. Eu estava ali, sentada, fingindo ser profissional, enquanto meu corpo gritava por sacanagem.

Se ele colocasse a mão na minha perna naquele momento… eu juro… eu ia abrir.

Bem, eu não podia fazer nada, e eu que nunca pensei que um assédiozinho no trabalho poderia cair bem estava ali fazendo cara de paisagem.

Ele podia ter saído mais cedo. Tinha liberdade pra isso. Mas ficou. Ficou do meu lado o dia inteiro, me ajudando em cada detalhe, revisando tudo comigo como se aquilo fosse a coisa mais importante do mundo.

Lembro de um comentário no café:

— Esse cara é foda… podia estar em casa, mas tá aqui, se doando, passando o trampo mastigado pra não prejudicar ninguém. Profissional de verdade.

Eu só sorri, mas por dentro… por dentro eu queria morder a xícara. Porque ele não estava só ali — ele estava em mim. No meu corpo, na minha cabeça, no centro da minha calcinha encharcada desde o meio da manhã.

No fim do expediente, ele foi embora comigo e mais um colega, parte do caminho. E mesmo sem dizer nada, eu sabia: ele não tinha nada pra fazer. Só estava ali… perto. E eu era burra o suficiente pra achar que isso queria dizer algo. Ou safada o suficiente pra torcer que sim.

Na despedida, ele me deu um aperto de mão firme, formal, sorrindo como se fosse apenas mais uma colega.

— Boa sorte nos próximos dias. Vai mandar bem — disse ele.

Eu segurei aquela mão por um segundo a mais que o necessário. E quando ele se afastou, eu levei os dedos discretamente ao rosto, como quem ajeita o cabelo, e aspirei. Conferi a bundinha, e vi ele se distanciando na rua solitário.

O cheiro dele.

“Porra. Devia ter usado a mão esquerda, agora vou perder o cheiro logo. Eu s___ó_ pensava na siririca de mais tarde agora!__”

Corri pra casa com o coração disparado e a cabeça cheia de cenas que não aconteceram. Ignorei todas as perguntas da minha família — “como foi o primeiro dia?”, “gostou do pessoal?”, “e o chefe, é legal?”

Foda-se.

Me tranquei no banheiro. Fechei a porta com o pé. Joguei as calças no chão. A calcinha estava grudada, quase transparente de tanto liquido acumulado o dia todo. Tirei com uma pressa animal, sentindo os lábios da minha boceta abrirem, molhados, latejando. Me sentei na beirada da pia, com as pernas bem abertas, a mão já escorregando fácil entre os grandes lábios, buscando o clitóris.

Minha cabeça estava nele. Naquela boca. Naquela barba por fazer. No jeito que ele falava baixo e firme. Em como ele se abaixava ao meu lado, com o pau ali, perto do meu rosto, me testando sem saber.

Comecei devagar. Desenhei círculos suaves com a ponta dos dedos, e a carne já tremia. Desci mais. Enfiei dois dedos com facilidade. Quente. Molhada. Alagada. A respiração já cortava.

Fechei os olhos.

Imaginei ele me olhando. Me dizendo que eu fui uma boa menina. Que ele viu o quanto eu fiquei molhada. Que percebeu. Que ficou ali por isso. Porque queria me ver explodir.

Meu quadril começou a se mexer sozinho. A mão direita dentro, a esquerda apertando meu peito por baixo da blusa. Eu gemia baixo, mordei os lábios pra não gritar.

“Me chama de puta,” pensei. “Me fode no meio do escritório, me faz gozar com a boca calada pra ninguém ouvir.”

Gozei.

Gozei forte. De um jeito que fez minha perna tremer. O gozo veio quente, pulsante, espesso. Pingou entre os dedos. Me fiz de novo, ainda com a imagem dele na cabeça. Meu corpo inteiro vibrou. E só então levantei.

Entrei no chuveiro sem pressa, deixando a água morna escorrer entre as pernas, lavando o desejo — mas não apagando ele.

Fiquei lá parada, pensando.

“Como eu falo com ele? Mando mensagem? Faço uma pergunta qualquer, idiota? Chamo pra um café? Dou em cima na cara dura?”

Eu sabia que aquela história não ia terminar naquele banheiro. Nem no aperto de mão. Tinha alguma coisa ali. E eu ia dar um jeito de falar com ele de novo.

Eu ia descobrir como.