Capítulo 2
No fim do dia, eu estava jogada no sofá da minha casa, televisão ligada, um lanche na mão e uma cólica leve de fundo – um combo clássico do meu ciclo. Aproveitava o raro momento de paz, mastigando tranquilamente, até ser interrompida.
— Surpresa!
Dei uma pausa na mastigação, desconfiada.
— O que foi?
— Tem um presentinho aqui pra você.
— Desceu muito?
— Filha, o mar vermelho não só transbordou, como já tá evacuando as cidades vizinhas.
Revirei os olhos e continuei comendo.
— Vou esperar o comercial pra ir no banheiro.
— Tá de sacanagem, né? Você mora sozinha, sua anta. Olha essa porra daí mesmo.
— Ai, não vai sujar tudo.
— Eu só queria entender se você tá curiosa pra ver a situação ou se planeja tocar uma siririca em cima do estrago.
Bufei, abaixei o pijama com a calcinha juntos. E como era esperado, lá estava ele: o famoso borro escuro, pegajoso e sempre meio duvidoso. Mas tudo sob controle, dava pra esperar um pouco.
Subi minha roupa e me acomodei deitada novamente, mas um pensamento cruzou minha mente.
— Caramba… meu chefe, lembra dele?
— O cheiroso? Sei. Mas pensa em outra coisa, senão eu faço água pra diluir a tinta.
Suspirei.
— Então, ele meio que deu a entender que queria me chamar pra sair, comer alguma coisa…
— Se ele curte nugget com molho extra, pode marcar pra amanhã mesmo.
— Ai, que inferno, isso é um saco. Se ele me chamar e eu der essa desculpa, ele vai achar que eu tô enrolando ele, né?
— Porra, e tu vai deixar claro que vai dar no primeiro encontro?
Fiquei em silêncio. Minha vagina era insuportável, mas tinha um ponto.
— Sempre tem o senhor Cu. — ela disse, cheia de malícia.
— Tu só diz isso porque ele não fala pra se defender.
— Mas você gosta, piranha. Reclama, mas gosta.
Eu ri, mas não dei o braço a torcer.
— Mas dói muito e suja.
— Sujeira nunca foi um problema pra você. Tu vive me esfregando quando eu tô de chico, parece até um fetiche! Sua mãe sabe que você faz isso?
— Ahn, cala a boca que a senhora gosta! Fica toda se babando e mandando choquinhos pra minha barriga.
— Quem manda coisa pra sua barriga é a rola que te catuca, filha.
Fiquei sem resposta. Minha vagina não era só inconveniente, era uma safada incorrigível.
— Ei, sabe quem tá super sensível, pode ajudar com sua cólica e, de bônus, melhorar seu humor? — a voz dela veio cheia de malícia.
Suspirei. Eu já sabia onde isso ia dar.
— Eu não tô de mau humor.
— Mas tá com cólica…
— Nem tá me incomodando…
— Ah, tá… então bota a mão no meu narizinho aqui. Ele tá coçando.
Não aguentei e ri, balançando a cabeça.
— Para, vai sujar tudo… Eu já tomei banho!
— E daí? Chuveirinho? Chuveirinho?
Revirei os olhos.
— Não. A água dele tá um gelo. Você quer morrer congelada?
Ela bufou, impaciente.
— Caralho, mulher, alisa essa buceta! Tá cheia de tesão e fazendo cu doce.
— Tá, mas pode ser no treme-treme?
— Ahn?! Eu prefiro dedo. Dedo é mais íntimo.
Ela gargalhava lá embaixo, safada como sempre.
— Eu não quero sangue embaixo da unha… — resmunguei, já meio arrependida de ter entrado nessa conversa.
— Ah, foda-se! Pega o treme-treme logo antes que eu mesma saia daqui e me esfregue no sofá!
Suspirei, mas não contive o riso.
— Saudades de esfregar você nas coisas… eu gostava.
— É, mas eu não! Você não sabe parar, e eu ficava toda assada!
Me levantei e fui até o quarto, pegando meu vibrador. Ele não era feito exatamente para o que eu pretendia usar, mas dava conta do recado. Um aparelho de massagem pesado e potente, capaz de fazer até espírito subir. Peguei também uma toalha escura — item essencial para essas ocasiões — e deixei um absorvente novo separado, porque eu já conhecia o final dessa história.
Forrei a cama, abaixei a calcinha e me preparei. Mas, no instante em que olhei ali embaixo e puxei a calcinha pelos fundos para examinar de perto, senti aquela sensação pegajosa escorrendo dentro de mim. Meu corpo inteiro se arrepiou de nervoso.
— Cara, não dá! Você não tá sentindo esse negócio escorrendo? Isso me dá um nervoso do caralho!
— Tô sentindo sim… desde a sala.
— E por que não falou antes?
— Porque eu não sou burra.
Fiz uma careta, me tremendo do desconforto que aquela descida me dava.
— Assim não dá, deixa pra amanhã, tá bem?
— Não! Faz naquele esqueminha!
Franzi a testa.
— Que esquema?
Ela suspirou, como se eu fosse a pessoa mais lerda do mundo.
— O da almofadinha! Você forra e senta nela, põe o treme-treme no meio e só deixa acontecer… pode ficar de absorvente, calcinha, burca… o que qusier! Menos meleca, mais prazer!
— Filha, ainda bem que você não tem dente.
— Tá, amor, mas pega o absorvente com abas, senão ele fica sambando na calcinha, embole me incomoda.
Lá fui eu de novo para o banheiro. Sentei no vaso, deixei o xixi escoar tranquilamente enquanto rolava o feed no celular. Esperei um pouco para ver se descia mais alguma coisa. Olhei entre as pernas e vi umas placas vermelhas misturadas à urina.
— Meu Deus, eu sou muito burra…
— O que foi agora? — Valentina perguntou, desconfiada.
— Eu ainda tenho OB, né?
— Ai, não… interno eu não gosto!
— A gente vai dormir depois, não enche…
Me estiquei até a cômoda do banheiro, tentando pegar o OB sem derrubar nada, tudo isso com as calças na canela e um equilíbrio questionável. Peguei um, me lavei no chuveiro rapidinho, me sequei e fiz a clássica empinada pra frente.
— Porra, enfiar isso seco é horrível… — resmunguei, tentando encaixar melhor.
— MAIS PRA DENTRO, MULHER!
— Tá bom aí?!
— Acho que entrou muito… socorro…
— Prontinho!
— Mas agora vira a cordinha pra direção da testa! Do jeito que você tá peluda, isso vai acabar se embolando tudo aqui dentro!
Soltei um longo suspiro.
— Caralho… quando acabar a menstruação, eu me depilo.
— Ah, como se tua gilete nunca tivesse visto teu sangue, né? BARBEIRA!
Revirei os olhos e saí do banheiro, já sabendo que essa novela tava longe de acabar.